O estudo “Prevalência e fatores de risco para microcefalia ao nascer no Brasil em 2010” contou com a participação de 7.376 crianças nascidas em Ribeirão Preto/SP e 4.220 em São Luís/MA, que fazem parte da coorte BRISA.
Para classificação da microcefalia ao nascimento foram utilizados critérios adotados pelo Ministério da Saúde e do “International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21st Century”.
Foram encontrados neste estudo os seguintes resultados:
– A prevalência de microcefalia foi maior em São Luís/MA (3,5%) do que em Ribeirão Preto/SP (2,5%);
– A prevalência de microcefalia grave foi maior em São Luís/MA (0,7%) do que em Ribeirão Preto/SP (0,5%).
Foram fatores de risco associados a microcefalia: baixa escolaridade materna, viver em união consensual ou sem companheiro, tabagismo materno durante a gestação, primiparidade, parto vaginal e restrição de crescimento intrauterino.
As estimativas de taxas de prevalência de microcefalia antes do aparecimento do Zika vírus variam muito na literatura mundial, por vários motivos (população, metodologia, classificação), e no Brasil giram em torno de 0,6 a 9 casos a cada 10.000 nascidos vivos. No estudo conduzido com os dados da coorte BRISA foi encontrada uma estimativa de taxa de prevalência de 290 casos de microcefalia por 10.000 nascidos vivos e de 62 casos de microcefalia grave por 10.000 nascidos vivos. Estima-se, ainda, que haja uma taxa de subnotificação de aproximadamente 90% dos casos de microcefalia.
Em resumo, concluiu-se com este estudo que a prevalência de microcefalia grave foi muito maior do que as estimativas anteriores apontavam e os resultados sugerem que a microcefalia já estava muito presente em ambos os municípios antes mesmo da circulação do vírus Zika.
Agradecemos novamente as participantes do Projeto BRISA, por toda colaboração!